16 julho 2013

A crônica da rosa


Daí eu te pergunto. Você já viveu uma grande história de amor?
Não, não estou falando desses namorinhos de 3 semanas, nem de casamentos de décadas por obrigação. Estou falando de um sentimento arrebatador, eu independentemente de tempo, te arrancou os suspiros mais profundos, e fez você sentir que foi jogado contra o vento, que pulou de um precipito, em busca da felicidade.
            Sim. Eu vivi uma grande história de amor, e mesmo sendo muito jovem, arrisco-me a achar que será a grande história da minha vida, pois foi nela que eu me senti realmente feliz.
            O amor é como um pé de rosa, que será plantado em um belo jardim, com muitas outras flores, diversas, de várias cores e odores.
            Sabemos que os primeiros meses dessa rosa são ótimos, crescimento rápido, seu caule se encorpa de uma maneira surpreendente. Entretanto, o que mais nos felicita, é que não precisamos interferir em seu crescimento, já que ela acaba por crescer sozinha, sem contar muito com a ajuda de ninguém. Tendo sorte, um pouco de água, sol e uma terra fértil, tudo ocorre naturalmente.
            Depois de certo tempo, é que as coisas tem que ser levadas mais a sério. Depois de um três meses eu diria. É nesse período, que devemos começar a nos preocupar efetivamente com o futuro de nossa rosa, e com os cuidados que ela deve ter.
            A rosa, para se tornar vermelha, vivida e saudável, deve ser regada na medida certa, pois água demais a afogará, levando todos os seus nutrientes, e pouca água, a fará secar, pois ela não terá chances de continuar crescendo. Logo, vemos que não é demais e nem de menos, pois é na medida certa que as coisas fluem.
            Os espinhos, proteção da rosa, devem ser retirados, nos momentos adequados, não podemos deixar de maneira alguma, que eles impeçam outras pessoas de tocá-la, de também sentir quão perfeição ela exala. Um espinho não retirado acabará causando muita dor, não só a quem quer chegar perto, mas a própria rosa que será afetada pelas lágrimas daqueles que tanto a admiram.
            As folhas, devem ser delicadamente acariciadas, sem muita preocupação. Não podemos ser impulsivos com a rosa, não podemos agir por impulso com ela, devemos cuidar da mesma de forma calma, cautelosa, deixando ela respirar, crescer, dar novos botões de flor, tudo no seu ritmo.
            A terra, deve ser arada periodicamente. Como a água, deve obedecer um certo tempo. Precisamos cuidar do que sustenta nossa flor, mas não de forma possessiva. Nossa obrigação é cuidar, mas não tornar a pequena flor em um objeto de loucura.
            Mas, infelizmente, o que vimos é que muitas vezes, as rosas não chegam nem a brotar, acabam morrendo no meio do caminho, por inexperiência dos jardineiros.
            Na maioria dos casos, os jardineiros estão tão afobados para vê-la bonita, perfeita, admirada, que não cuidam dela de maneira certa. Acabam passando do ponto, regam-a tanto, que ela acaba morrendo em suas próprias lágrimas.
            Isso acontece com a minha grande história de amor, dois jardineiros inexperientes, tão ansiosos para ver a rosa desabrochar, acabaram a deixando muito doente. A regaram demais, não cortaram seus espinhos, não souberam cuidar de suas folhas, e principalmente, não araram a terra.
            Mas, surpreendentemente, mesmo depois de todos acharem que a rosa havia morrida, tanto tempo depois, ela continua viva, fraquinha é bem verdade, mas ainda ousa tentar resistir para crescer novamente e brilhar.
            O medo toma conta da rosa, pois ela quer brilhar, quer crescer, quer exalar todos os seus cheiros, toda a vivacidade de seus tons, mas não sabe se os jardineiros ainda querem cuidar dela.
            Agora, eu te pergunto. Não somos culpados por ter deixado a rosa do jeito que ela está. Erramos inexperientes, por tantos impulsos, acabamos maltratando muito ela, mas mesmo assim, ela ainda está viva, acesa, e queima.
            Afinal, o que deve ser feito?
            Os jardineiros, agora sabem exatamente o que fazer, pois sabem que devem água-la na hora certa (ter limites), que devem cortar os espinhos (abandonar o ciúme, a desconfiança, a carência, a ira, a inveja, a maldade), que devem cuidar bem de suas folhas (viver a vida como se ela fosse algo leve, sem tantas cobranças) e principalmente arar a terra (manter o amor aceso sempre, como se ele fosse, e é, algo precioso, sempre sendo feliz e fazendo o outro feliz junto), fazendo agora, o que deveriam ter feito antes e manter a partir de hoje, essa rosinha viva, já que ela resiste em se manter de pé, apesar de tudo.
            Ou é melhor deixá-la morrer, mesmo depois de tanto tempo lutando, de tanto tempo negando seu próprio fim, sem ao menos conquistar seu ápice, sem dar novos botões, sem viver?
            O que é melhor? Ficar acorrentado aos erros do passado e ser impedido de ser feliz com quem se ama de verdade, deixar as mágoas serem superiores aos sentimentos, ou esquecer os erros grotescos do passado e ir cuidar dessa rosinha tão linda, que está esperando para ser feliz?
            O que é melhor? Se tornar um jardineiro experiente, que vai contar a todos que passou por cima das dificuldades e que a rosa mais linda do mundo é trabalho dele, ou deixá-la morrer e nunca saber o que teria acontecido no futuro, se ele tivesse cuidado dela.
            Me responde.

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