Era
aproximadamente 11:45 da manhã do ano de 1995 quando a professora de Emily
havia recolhido todas as redações sobre a crise de 1930, quando Bruna, uma
garota dois anos mais velha que Emily, levanta-se da cadeira abruptamente e
começa a soltar um grito avassalador
-AAAAAAAAAAAAAAAAAA
-Bruna
–Falou Jéssica a professora de português no mesmo instante- Já para a
diretoria! Não tolerarei mais as suas gracinhas! – Jéssica era professora de
Português e Francês na escola para Damas e Cavaleiros da Senhorita Leveu na
cidade de Goiás Velho. Ela era magricela, com alguns cabelos grisalhos e
aparentava ter uns 57 anos.
Bruna
repentinamente solta outro grito, mas dessa vez mais alto que o anterior, que
por fim enfureceu mais ainda a professora Jéssica Fazendo-a gritar:
-GAROTA
INSOLENTE! PARA A DIRETORIA AGOOORA!
Mas
o que a inocente professora não sabia era que a pobre consciência de Bruna não
mais ali estava e que a cada segundo a alma dessa jovem garota estava sendo
consumida pelas forças sombrias.
Bruna
era uma garota de cabelos negros, lábios avermelhados com bunda e seios fartos,
e era conhecida na cidade por fazer sexo com qualquer homem em troca de
tatuagens e cigarros. O pai de Emily era muito conhecido por ser dono da melhor
padaria, e sua mãe era a fundadora do projeto “Adote cachorros e gatos para a
alegria de todos”.
Os
alunos da sala de aula estavam se controlando para não rirem de Bruna, enquanto
a professora Jéssica controlava-se para não ter um surto. De repente Bruna para
os gritos e olha fixamente nos olhos de Emily e começa a dizer – Emily, você é
a próxima!- Bruna subitamente cai no chão e começa um ataque louco de espasmos
e a liberação contínua de espuma pela boca. Um ataque epilético. A professora
vai ao socorro de Bruna e pede para os ademais alunos chamarem a enfermeira da
escola.
Jéssica tenta ali fazer os primeiros socorros
básicos para pessoas nesse estado, no qual aprendeu em um curso de duas horas
em uma fita cassete na tarde de um final de semana em sua casa. Ela então
começa os procedimentos aprendidos no qual acaba percebendo que Bruna está
ficando desfalecida.
-Bruna,
vamos lá, mantenha-se acordada!- diz Jéssica começando a ficar desesperada e
mal sabendo que Bruna assim que fechou os olhos havia entrado em coma e morria
a cada instante que se passava.
A
enfermeira e seus ajudantes entram na sala com a maca e começam o processo de
reanimação, mas nenhum sucesso tem sobre Bruna, então a levam a enfermaria para
com esperanças conseguirem deixá-la bem.
Enquanto
levavam Bruna, a diretora ordenou que todos os alunos fossem para as suas casas
e que Emily deveria se dirigir a diretoria juntamente com a professora Jéssica.
Ao
chegarem a sala a diretoria percebem a grande inquietação e preocupação da
Diretora Elizabeth, no qual naquele instante tentava acalmar-se com um cigarro.
-Pois
bem, professora Jéssica conte-me tudo e em seguida quero saber o “Porque” de
Bruna ter falado que você seria a próxima Emily- disse a diretora severamente.
Após
alguns minutos de Jéssica contando para Patrícia sobre o ataque frenético de
Bruna e Emily tentando explicar que mal conversava com ela, a diretora resolveu
dispensar as duas e obrigou Emily a levar as coisas de Bruna ao seu padastro
Richard e a mãe Lúcia.
Ao
recolher todos os pertences de Bruna Emily saiu da escola e foi em direção a
casa da avó que ficava na rua de baixo para contar tudo o que havia acontecido
naquele dia.
Emily
era uma garota estudiosa, de cabelos loiros e olhos castanhos, meio alta,
gostava de música de gênero Rock Pop e acima de tudo adorava ler livros, certas
vezes optava por ficar em casa lendo seus livros e ouvindo suas músicas ao sair
com os amigos para a praça do Coreto ou então dar uma volta pela Budega
Fantástica entre outras lojas.
*
* *
Horas
mais tarde após ter tido um almoço fantástico e contado a sua avó sobre o que
havia acontecido pela manhã na escola, Emily resolve ir até a mini biblioteca
que a avó cuidará e preservará tão bem e resolveu ver o que Bruna tanto
carregava naquela bolsa que ultimamente não deixa ninguém nem se quer olhar na
direção que estava guardada.
Após sentar-se na mesa e espalhar todos os objetos que
estavam dentro da bolsa de Bruna ela observou que além de um kit de maquiagem
completo e alguns cadernos havia um livro de capa preta muito peculiar.
Aparentava ser bem antigo, pois, atualmente não se encontra mais livros de tal
porte a venda.
Emily resolve abrir o livro e ver do que fala, já que na
capa não havia título algum. Ao virar a capa ela depara-se com páginas em
branco, nenhuma página sequer escrita, só 398 páginas limpas e agrupas, a não
ser por duas páginas peculiares, as que estavam localizada bem no meio daquele
livro, com a seguinte frase escrita:
“Algumas Gotas de Sangue são suficientes para
tornar algo visível”
Emily sem entender a frase resolve pegar alguns livros de
biologia e estudar sobre os elementos que compõe a corrente sanguínea, até que
ela se dá conta de que na verdade aquela frase é um enigma, e que se são só “Algumas gotas de sangue” nenhum mal faria então fazer
um pequeno furo em seu dedo e deixar que algumas gotas caiam no livro, já que é
necessário para que algo fique visível.
Com uma tesoura que Bruna tinha dentro da bolsa Emily faz
um pequeno corte em seu polegar e deixa com que algumas gotas caiam no centro
do livro manchando aquela página.
Após as gotas caírem nada acontece, mas de repente as
gotas são absorvidas pelo meio do livro juntamente com a frase. Um silêncio
destruidor prevalece na biblioteca até que várias páginas são rasgadas do livro
e começam um grande ciclone na sala fazendo com que Emily tenha de se segurar
em algum lugar para não ser levada por aquele vento assustador. O vento então
cessa e as páginas que antes estavam rodopiando na biblioteca agora começam a
agrupar-se de forma bizarra até o momento no qual formam um ser humano.
Não um ser humano em si, mas algo mais parecido com uma
múmia recente. Um ser humano enfaixado. Emily então meio assustada e perplexa
por não compreender o que havia acontecido resolve dizer- Quem ou o que é você?
-Meu nome é Octávio Augustus
Fento e estava lhe aguardando Emily Antônia Vaz.
Paulo H. Macedo