18 maio 2014

O sonho de Anellice: A tortura de Cris

O desespero dela era notável.
Como você se sentiria se da noite para o dia seu mundo desabasse e virasse de penar para o ar? Imagino sim, que o caos seria inevitável.
Desnorteada, sentou-se na cadeira de leitura de seu pai, e pela primeira vez, não se sentiu tão mal de estar ali, pois sempre que via aquela velha cadeira, lembrava do dia em que seu velho pai lhe contou a ultima história lida em um livro, e logo essa mesma história tinha voltado a tona, muito pior do que qualquer livro já narrara.
De repente, como ironia do destino, a vidraça de sua janela se estilhaça em inúmeros pedaços e Ane toma um grande susto.
Mas, acredite, o susto foi muito maior ao ver que o que quebrara a janela era uma pedra, não muito grande, porem que cintilava cores ainda não vistas e que por algum motivo, transmitia uma força, um poder, como um imã atraindo Ane para perto de si.
A curiosidade era óbvia, e agora, nada mais poderia ser perdido. Já haviam ido embora seus pais que ela tanto amara durante  avida, sua melhor amiga que cuidara dela por tantos anos e talvez, mas com grande certeza, o amor de sua vida, que para “sua sorte” ainda estava brigado com ela na noite do ocorrido.
Tocou a pedra. O poder atravessou seu corpo de uma forma indescritível, era como se fosse um choque, mas muito mais forte, denso e revitalizante.
Ao abrir os olhos, se assustou novamente, mas dessa vez, foi muito pior.
- Olá Anellice. Muito prazer. Meu nome é Bhogus. Não se assuste. Vim apenas te ajudar a encontrar nosso grande amigo.
Nem ela acreditava como do nada, um ser daquele jeito, alto, careca, extremamente esguio e muito magro, tinha “brotado” em sua frente, e principalmente, com aquelas roupas???
- Minha querida, não temos tempo. Cris corre grande perigo. Você precisa ser forte, o que irei te mostrar agora pode não lhe agradar. Lembre-se: Só você poderá salvá-lo.
Abrindo um pergaminho, algo irreal aconteceu. Mesmo sabendo que irrealidades agora seriam predominantes em sua vida.
No pergaminho, Ane viu com seus olhos, seres horripilantes, piores que qualquer ser infernal que ela poderia ter imaginado ao ouvir pregações sobre o inferno na igreja em que frequentava, ela viu seres muito mais grotescos que qualquer assombração que tivesse medo, eles pareciam ter saído de Mordor, criados pelo próprio Sauron, em um dia que ele estava inspirado.
Os cavaleiros infernais, estavam em uma espécie de acampamento, em um local negro que cheirava  a enxofre (ela conseguia sentir o cheiro), de onde saiam gritos de desespero, gemidos inimagináveis e pedidos de socorro, porém, em resposta, só se ouviam gargalhadas, quentes como a lava de um vulcão e mais más que qualquer coisa.
No meio daquilo tudo, um garoto chorava sem cessar, gritando de dor, pedindo clemencia, mas sem, em nenhum momento, abaixar a cabeça e se colocar como vitima, era nítido, que ele suportaria tudo aquilo por algum motivo.
De fato, esse garoto era Christopher, e Ane sabia disso. O moletom azul que ele usava, com um tordo nas costas, era um presente dela, para ele, no seu aniversário.
Foi então, que as cenas de tortura começaram.
Primeiro, despiram Cris, e ele ficou nu, e para Ane, isso se tornara muito vergonhoso, já que ela nunca havia o isto assim. Entretanto, sua preocupação era muito maior.
Depois, o amarraram em uma pilastra, e ele se manteve firme, sem um olhar para baixo.
Os cavaleiros então, o espancaram com muita vontade, deixando-o desfigurado, muito machucado, quase desfalecido.
- Onde ela está? Nos diga. Não adianta escondê-la garoto insolente, vamos acha-la de qualquer forma. Então, adiante nosso trabalho. – disse um deles, zombando sem dó nem piedade.
- Não irei contar! Meu dever é protegê-la, foi essa a missão que me incumbiram a 16 anos atrás, e eu nunca a deixaria correr perigo. Eu a amo acima de tudo.
- Ouviram? O apaixonadinho a ama! Se eu tivesse olhos, juro que choraria agora por você. Mas, como não tenho, só me resta te torturar até enfim, saber onde está garota do ar. Desista! Ela será nossa.
Nesse momento, muitos pensamentos rodeavam a cabeça de Ane. “Cris realmente a amava?”, “Missão?”, “Garota do ar?”. Mas, infelizmente, seus pensamentos foram interrompidos por um grito assustador.
Nesse momento, Cris, quase semi-morto estava prestes a sofrer uma grande perda.
O cavaleiro, sem demonstrar nenhum sentimento a não ser satisfação, apontou para ele uma espada, perguntando o que Cris preferia, seu corpo ou sua amada.
Cris não hesitou, dizendo que não contaria onde Anellice estava, cuspindo no “rosto” ou o no que deveria estar naquele lugar.
Em seguida, o cavaleiro das almas, decepou um dos dedos de Cris, rindo ao ouvir o urro de dor do garoto.
Mesmo em estado de sofrimento, Cris continuava a gritar que morreria por Ane se preciso, mas que jamais entregara seu paradeiro.
Nesse momento, mais um dedo foi decepado, e Cris já não tinha mais forças para se manter em pé, a hemorragia, agora já se tornara uma imensa poça de sangue aos seus pés. O caso era preocupante.
- Tragam a água do Lago Säure, quero ver se ele aguenta ser lavado e bem cuidado com as águas do lago ácido de Arghonis.
***
O pergaminho se fechou nesse momento e Ane queria morrer, morrer por Cris.
- O que vamos fazer Boghus? Cris irá morrer em breve, e eu não sei como ajuda-lo.
- Minha querida, estamos em jogo de xadrez, e eu irei a partir de agora, te ajudar a dar o Xeque-mate!


6 comentários:

  1. Digamos... Pô meu que texto é esse, é simplesmente ótimo. Eu já disse muito tempo atrás que você deveria investir em outras tipos de textos, e tá aí o resultado: Muito bom... parabéns!

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  2. Obrigado cara!!! Na boa, devia ter ouvido c a mais tempo neh, em tantas coisas... Mesmo assim, obrigada pelo incentivo e aguarde que tem mais!!! :3

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  3. Estou gostando muito da série, mesmo achando que parece mais fantasia e suspense do que terror. Como seus textos estão melhores, e já sabemos porque, afinal, vocês voltaram a se falar. Ainda não perceberam que são melhores juntos? Torço por vocês. Como uma grande leitora que sei que é, você sabe que as histórias de amor sempre deveriam ter um final feliz.

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  4. Anony, como vc também acabei me deparando com esse dilema. Acho que não é uma série de terror, mas logo vcs saberão o porque dos textos.
    ***Em relação as minhas histórias de amor, é, eu também queria que elas tivessem um final feliz. No entanto, nem todas tem, por isso te indico a CULPA É DAS ESTRELAS. Vc vai descobri que alguns infinitos são maiores que outros! :3

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  5. Além de linda, escreve perfeitamente.
    Como gosto de ler cada texto seu, me faz relaxar. Você é uma escritora fantástica.
    Já sou seu fã a muito tempo, e a cada dia fico mais.Parabéns!

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  6. Fico lisonjeada com tantos elogios. Muito, muito obrigada mesmo MEU FÃ . :3

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